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Toddynho

Posted by Fred Pinto on 13:55
Tava vendo outro dia desses uma cantada #FAIL, que eu achei muito engraçada! Veja aqui

Então lembrei de um dos meus primeiros empregos e decidi compartilhar com vocês.

Eu tinha acabado de entrar na faculdade e tava naquele ritmo frenético de barzinhos e shows e baladas no fim de semana, então precisava arrumar alguma jeito de conseguir grana sem ter que pedir pro meu pai, até porque ele não tinha condições de me dar dinheiro de acordo com a minha demanda.

Antes de pensar em fazer um currículo e sair em busca de um estágio recorri aos parentes bem empregados para arrumar algum bico, afinal eu não queria bem um "emprego", eu queria ganhar dinheiro e ter tempo livre para gastá-lo com a galera da faculdade



Uma tia minha conseguiu um bico temporário pra mim e pra minha irmã em supermercado. O esquema era bom, trabalharia 6 horas por dia, somente aos sábados e domingos, recebendo uma grana considerável (que não me lembro bem quanto era).

Não quis nem saber do que se tratava e aceitei na hora! Começaria no fim de semana seguinte à notícia, minha irmã também aceitou e trabalharíamos juntos.

No sábado combinado chegamos ao mercado da rede EXTRA e fomos recepcionados pela amiga da minha tia, que tinha arranjado as vagas pra gente. Ela também nos informou que trabalharíamos como promotores de venda do Toddynho, ficaríamos na gôndola do produto junto à um balcão de degustação. Fiquei aliviado na hora. Ajudei-a a descarregar algumas caixas do carro da empresa e fomos levados ao vestiário para que vestíssemos nossos uniformes.

Eu sou muito calorento, então sinto muito desconforto em utilizar roupas pesadas, mas em troca de algum dinheiro bom não seria de todo mal usar um uniforme ridículo. Só não sabia que seria tão ridículo assim.

Cheguei no vestiário e me deparei com uma fantasia enorme de Toddynho! Sim! Esta coisa rídicula aí:


Um enorme Toddynho de pelúcia me aguardava. A fantasia era composta de:
- Uma calça de pelúcia;
- Enormes pantufas que deviam ser calçadas com tênis; e
- Uma enorme armação quadrada, de madeira, forrada com pelúcia.

Já fiquei desanimado, mas me auto-motivei pensando que seria engraçado fazer palhaçadas fantasiado em um mecado, onde ninguém saberia quem era você.

Vesti a calça, coloquei as pantufas e quando fui vestir o corpo percebi que seria um mal negócio. O lugar para colocar os braços ficava muito distante, então não teria muito controle dos braços do boneco, e ficar com braços abertos muito tempo me cansariam demais. Outro problema é que o apoio para os ombros era feito de vergalhão, apenas forrado com uma fina camada de espuma. A armação de madeira era muito pesada e portanto meus ombros sofreriam com isso. Mesmo assim encarei o trabalho.

Quando sai do vestiário minha irmã já estava rachando o bico, não que o uniforme dela fosse bonito, mas nada era tão ridículo quanto o Toddynho (Eu).

Fomos para o corredor do supermercado para iniciar o trabalho. A pantufa era enorme, era como andar com pé de pato no seco. Terrível.

Fizemos o trabalho direitinho pela manhã, algumas pessoas acenavam para mim, mas a intenção era beber toddynho de graça mesmo. Na hora do almoço fomos para o refeitório, meus ombros já estavam ardendo, mas ainda não estavam me fazendo desistir. Depois do almoço voltamos para o segundo turno e não enfrentamos nenhum problema.

Ao chegar em casa, meus ombros estavam extremamente doloridos e eu não estava muito animado para sair. Fui me deitar cedo e no outro dia enfrentaríamos a labuta de novo.

Chegamos ao mercado e começamos a trabalhar. Não sei porque diabos as mães inventam de levar crianças ao mercado no domingo. Estava um inferno de crianças me circulando e gritando palavras ininteligíveis, um absurdo, e nunca diminuía o número de crianças, saíam umas e chegavam outras, até uma hora em que pude finalmente descansar os ouvidos.

De repente surge no fim do corredor a figura endemoniada. Olhei para ele e ele me olhou de volta, virou para sua mãe e disse:

-Olha mãe! É o toddynho! Vamos lá!

Então me olhou novamente, mas dessa vez vi na sua fisionomia a face de um encapetado que estava louco para aprontar com o bobão na fantasia. Então começou a correr na minha direção, desvairadamente, e se chocou comigo em um abraço que quase me derrubou (lembrem-se: eu estava praticamente com pés de pato). A mâe, a esta altura, estava achando tudo muito bonito.

Então enquanto a mãe dele conversa sobre a promoção, ele se aproveita e dá a volta em mim e me empurra pelas costas. Enquanto faço um esforço para girar, ele fica nas minhas costas de novo e solta outro empurrão. Antes que eu consiga virar e olhar para a criatura satânica, ela me empurra novamente pelas costas. Nisso a mãe dele o segura pela mão e fala:

-Dá um abraço no Toddynho.

Quando a peste me abraçou, segurei ele o mais firme que pude e falei baixinho, de modo que a mãe não ouvisse:

- Se você fizer isso de novo, eu vou te buscar de noite!

A criança desgrudou de mim, me olhou meio assustada e saiu de perto de mim com olhos lacrimejando, de mãos dadas com a mãe, mas olhando pra trãs de 5 em 5 segundos. Continuei o encarando até que ele saísse do corredor.

Esse foi  meu último dia de trabalho como Toddynho. No fim do dia meus ombros estavam quase em carne viva, minhas costas não aguentavam mais carregar tanto peso. Avisamos à amiga da minha tia que não voltaríamos na próxima semana.

Nunca mais procurei qualquer outro tipo de serviço em mercados e jamais tive problemas com crianças. Ninguém jamais soube do ocorrido, até hoje.

E foi assim uma das minha primeiras experiências empregatícias da vida!




2 Comments


Que dó de vc Pretcheeenho!


hahahahaaha! tadinho ou todinho?

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