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Primeira vez em três atos

Posted by Fred Pinto on 23:00
ATO 1
A primeira vez que fui à um teatro, teatro de verdade e não aquelas peças montadas por alunos de 2º grau, eu já era adulto. Sempre evitei, mesmo com namorada ou turma de amigos, não sou muito fã mesmo. Mas então tive a oportunidade de ir ao stand-up comedy do Felipe Andreoli - excelente por sinal - e lá percebi que ser engraçado é quase uma questão de contar as desgraças que acontecem contigo para pessoas desconhecidas. Por favor reparem no quase, pois não quero resumir a comédia aos stand's por aí, mesmo eu achando que é o melhor tipo de humor na minha opinião.
Assistindo aquilo percebi que minha vida também era muito engraçada, tanto quanto ou até mais que a do Andreoli e que se eu juntasse as histórias que passei sozinho ou com meus amigos nos últimos 10 anos eu levaria pelo menos uns 5 anos em cartaz. Enfim, o stand-up me fez público alvo de um ramo que não despertava o meu interesse.

ATO 2
Domingo último fui à um stand-up no teatro da UNIP, muito divertido por sinal, o Besteiras à parte. Cheguei atrasado, já tinha passado mais da metade do show - 4 participantes, mas 2 já tinham se apresentado -, mas nem por isso perdeu a graça. O que fez perder a graça mesmo foi o Fabiano Cambota - vocalista do Pedra Letícia -, brincadeira.
Assistindo àquela apresentação me veio a idéia de quem sabe um dia fazer meu próprio stand-up, até comentei com minha família - que estava presente - "Imaginem eu, o Guizzo e o Menezes contando nossas histórias num stand-up", mas logo passou a vontade, pensei que me formar em Eng. Mecatrônica e virar humorista seria a maior piada da minha vida, além de ser de muito mau gosto. Entretanto minha irmã comentou: "Você podia escrever um blog, contar suas histórias, suas gracinhas", isso até me deu uma injeção de ânimo. Logo minha mãe retruca "Só não vale falar da primeira vez da mãe. Mãe é sagrado".

Ah tá!


ATO 3
Vou contar a história como eu soube, porque nesse dia eu não atendi o telefone.
Em 23 de janeiro há alguns anos, era aniversário do meu irmão - como acontece em todos os anos desde 79 - e minha mãe estava sozinha em casa, meu irmão no trabalho, eu na facul fazendo uma prova e meu pai estava com minha irmã no shopping comprando o presente para o aniversariante.
Minha mãe aproveitou que estava sozinha e foi dar um tapa na pantera - lembram? - e decidiu que um tapinha não era suficiente e fumou a vela inteira.
No início ela achou que o pessoal que estava soltando pipa em frente de casa a estavam encarando - mas se você está na rua e vê uma senhora no quintal fumando uma tronca, com certeza você vai encarar.
Constrangida ela decidiu entrar e ficou apenas observando pela janela - insisto, uma janela fumaçando ainda é suspeito - e começou a sentir falta de alguns membros. Isso mesmo! Ela se deitou no sofá e ligou para o meu irmão, fornecedor, e relatou o que aconeteceu, mas ele não podia ajudar então ela ligou para minha irmã.
- Jú, é que teu irmão me deu um baseado e eu fumei, fumei todo e agora meu braço sumiu! - disse minha mãe.
- O quê? Não mãe, teu braço não sumiu, ele está no mesmo lugar.
- Jú, agora sumiu uma perna! Eu tô com medo!
- Calma mãe, relaxa e deita no sofá. Vou comprar o presente e volto pra casa.
- Mas Jú, e o bolo? Eu queria só experimentar mas meu braço sumiu!
- Mãe, vai deitar e deixa isso de lado, tô chegando.
Enquanto isso o meu pai, preocupado, insiste em perguntar pra minha irmã o que aconteceu e ela sussura:
- Minha mãe fumou um baseado e tá lombrando em casa.
Só que meu pai é meio surdo e ele pede para repetir, então ela faz em voz alta:
- Tua mulher fumou um baseado e tá doidona em casa achando que o braço sumiu!
A loja parou e obviamente não compraram o presente lá!

Chegamos em casa praticamente juntos e minha mãe já estava melhor. Hoje em dia ela não lombra tanto. Oo

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